quinta-feira, 20 de março de 2014

A exposição a incretinas aumenta o risco de pancreatite aguda?



Uma pesquisa italiana recente publicada na revista The Lancet Diabetes & Endocrinology, de fevereiro de 2014, intitulada Incretin therapies and risk of hospital admission for acute pancreatitis in an unselected population of European patients with type 2 diabetes: a case-control study,  não encontrou nenhuma associação entre pancreatite aguda e o uso de incretinas.
 
O objetivo do estudo foi comparar a ocorrência de pancreatite aguda em uma população de pacientes diabéticos tipo 2 tratados com incretinas com pacientes tratados com outro agente antidiabético.

Métodos 

Estudo de caso e controle equiparado, baseado na população, com coleta de informações de uma base de dados administrativa de Piemonte, Itália (com dados de 4,4 milhões de habitantes). A partir dos dados de 282.429 pacientes que receberam tratamento com agentes antidiabéticos tipo 2, foram identificados 1.003 casos com mais de 41 anos de idade e que haviam sido hospitalizados por pancreatite aguda entre 1o. de janeiro de 2008 e 31 de dezembro de 2012, e 4.012 controles equiparados em sexo, idade e tempo de terapia antidiabética. Comparou-se a exposição às incretinas em casos e controles com um modelo de regressão logística condicional, expresso como razão de chances (ORs [IC 95%]). Ajustaram-se todas as análises para fatores de risco de pancreatite aguda, conforme apurado pelos registros de alta hospitalar, e uso concomitante de metformina ou glibenclamida.

Resultados
A média de idade dos casos e controles (72,2 anos [DP 11,1]) foi alta, como esperado para uma população diabética aleatória na Europa. Após ajuste para fatores de viés, o uso de incretinas nos 6 meses anteriores à hospitalização não foi associado a um risco mais alto de pancreatite aguda (OR 0,98, IC 95% 0,69—1,38; p=0,8958).

Discussão

Os resultados sugerem que, em população aleatória, o uso de incretinas não está associado a um risco maior de pancreatite aguda. Estudos mais amplos são necessários para esclarecer se a idade ou o tipo de terapia com incretina pode afetar o risco de pancreatite aguda em pacientes com diabetes tipo 2.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Sociedade Brasileira de Cardiologia publica I Posicionamento Brasileiro sobre Combinação de Fármacos Anti-Hipertensivos

A Sociedade Brasileira de Cardiologia publicou esse mês o I Posicionamento Brasileiro sobre Combinação de Fármacos Anti-Hipertensivos. Veja abaixo um resumo da publicação:
 
A Hipertensão Arterial (HA) é doença de alta prevalência e apresenta-se como o principal fator de risco Cardiovascular(CV); por esse motivo, atingir o quanto antes a meta de Pressão Arterial (PA) é imperativo na diminuição desse risco. Para isso, aproximadamente 70% dos indivíduos hipertensos necessitarão de combinação medicamentosa anti-hipertensiva, e estima-se que até 30% dos hipertensos utilizem quatro ou mais fármacos para a obtenção do controle ideal. Dessa forma, a combinação medicamentosa é descrita na atualidade como importante estratégia no manejo da HA, proporcionando redução pressórica eficaz e segura.

O principal objetivo quando se emprega uma combinação de fármacos é o incremento da eficácia anti-hipertensiva, com a ocorrência de menos eventos adversos. É importante também considerar a adesão à terapêutica. A HA envolve múltiplos fatores e mecanismos na sua fisiopatologia, o que torna difícil o seu controle quando se utiliza apenas um fármaco, pois podem ocorrer mecanismos contrarregulatórios que atenuam o efeito anti-hipertensivo do agente escolhido. 
 
A associação de fármacos com diferentes mecanismos de ação tem maior impacto sobre a redução da PA desde que haja compatibilidade farmacocinética e não haja desproporcionalidade de efeitos e propriedades. 
 
As associações de fármacos anti-hipertensivos podem ser divididas em preferenciais, aceitáveis, menos usuais e as não usuais, baseando-se nos critérios de eficácia, tolerabilidade, maior possibilidade de adesão, evidências de proteção cardiovascular e renal e segurança (quadro 1).
 
 
 O quadro 2 sumariza as recomendações atuais para a associação de fármacos no tratamento da HA. 

 
Esquema didático das associações.
 
 
É importante lembrar que as medidas não farmacológicas, de adequação do estilo de vida, devem ser sempre enfatizadas para o melhor controle da hipertensão e prevenção de complicações da doença.
 
Fonte: Arq Bras Cardiol. 2014; 102(3):203-210